segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

CANTIGUINHA



Meus olhos eram mesmo água,

— te juro —
mexendo um brilho vidrado,
verde-claro, verde-escuro.
Fiz barquinhos de brinquedo,

— te juro —
fui botando todos êles
naquele rio tão puro.

Veio vindo a ventania,

— te juro —
as águas mudam seu brilho,
quando o tempo anda inseguro.
Quando as águas escurecem,

— te juro —
todos os barcos se perdem,
entre o passado e o futuro.
São dois rios os meus olhos,

— te juro —
noite e dia correm, correm,
mas não acho o que procuro.



Cecília Meireles


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